sábado, 24 de outubro de 2009

Redescobrindo Freinet através de um texto

Se o Conhecimento
autoria de Célestin Freinet
Se psicológica ou pedagogicamente não conseguimos bons resultados é porque fazemos manobras erradas,como quem aprende a guiar e vira para a direita em vez de virar à esquerda,sobe a calçada proibida ou, à noite,lança o farol alto sobre o automóvel da frente quando queria acender o farol baixo. São essas manobras erradas que procuramos descobrir,mesmo se não encontramos logo as soluções salutares.Enxergar bem,aplanar caminhos,evitar as ravinas e os becos sem saída,já é uma pequena ou uma grande vitória quando nos aventuramos nas regiões tão mal exploradas da orientação de crianças e de homens.Manobra errada sobre o conhecimento.
Ensinaram-nos que é como juntar um grão de areia após o outro,virar uma página depois da outra, colocar uma pedra em cima da outra. E se o conhecimento não fosse,talvez,mais que uma vibração imponderável,como a eletricidade,transmitida instantaneamente e nem por isso menos suscetivel de modificar a consistência e as reações da matéria que atravessa ? Você diz: Temos de explicar racionalmente,juntando um com um para dar dois,um degrau após o outro,subindo para chegar mais em cima. Infelizmente,por esse processo nunca se vai depressa nem para cima,mesmo que ele seja considerado "científico".
A infância não é um saco que temos de encher,mas uma pilha generosamente carregada,cujos fios, cuidadosamente montados,não correm o risco de deixar perder a corrente,uma rede delicada e potente, amplamente distribuída e que penetra nos recantos mais secretos do organismo para dar-lhe vitalidade e harmonia. Então se conjugarem estas condições ideais,basta uma ligeira pressão para estabelecer o contato.Antes de você começar a explicar, a criança já compreendeu; se não compreendeu,pelo menos é supérfluo repor pedra por pedra,subir degrau por degrau.Sem dúvida, é melhor voltar a carregar a pilha,verificar, reforçar e ampliar as conexões. A luz,então, brilhará soberana.

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